Ação no Marajó promove letramento de mulheres e comunidades sobre violência de gênero
Em Breves (PA), conselheira Renata Gil reforça a importância de atuação articulada e contínua para proteger meninas e mulheres
22 de fevereiro de 2025

22 de fevereiro de 2025
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deu início à terceira edição da Ação para Meninas e Mulheres do Marajó, com cerimônia oficial realizada no município de Breves (PA), uma das cidades mais populosas da Ilha do Marajó. A atividade é parte de um esforço contínuo para enfrentar a violência de gênero em regiões de difícil acesso e alta vulnerabilidade.
Supervisora da Política Judiciária Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, a conselheira Renata Gil destacou que a mobilização no arquipélago responde a demandas recebidas diretamente pela Ouvidoria Nacional da Mulher, canal institucional do CNJ. “Temos priorizado as atividades da Justiça no Marajó em razão das denúncias que temos recebido. Identificamos que a violência contra meninas e mulheres ocorre em larga escala nessa região e queremos chamar a atenção do Estado para esse problema”, afirmou.
Renata Gil também pontuou a importância de ampliar o alcance da Campanha Sinal Vermelho, iniciativa criada para permitir que mulheres em situação de risco possam pedir ajuda silenciosamente por meio de um símbolo desenhado na palma da mão. “Queremos treinar toda a rede de proteção para que saibam o que fazer em casos de violência. Para termos êxito, é preciso o engajamento dos órgãos públicos, dos hospitais, das igrejas e das escolas”, pontuou.
Durante sua fala, a conselheira também chamou atenção para o perfil das ocorrências de violência no Brasil. “Cerca de 70% dos casos acontecem dentro de casa. Não existe um perfil de agressor, existe um sexo, que é o masculino. É ele quem geralmente assassina as mulheres, e nós não vamos mais tolerar assistir o assassinato de mulheres simplesmente porque elas nasceram meninas”, concluiu.
Dados recentes do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) indicam que, dos 43.597 processos relacionados à violência doméstica registrados em todo o estado, aproximadamente 2.500 tramitam nas comarcas localizadas no arquipélago do Marajó. Esses números evidenciam a incidência expressiva do problema na região e reforçam a necessidade de ações específicas de prevenção e enfrentamento da violência de gênero no território.
A ação em Breves integra o conjunto de medidas previstas no Acordo de Cooperação Técnica firmado entre o CNJ, o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e o Governo do Estado do Pará, com o objetivo de ampliar o acesso à Justiça e fortalecer a proteção das mulheres e meninas em territórios com elevado índice de violência.